segunda-feira, 30 de março de 2009

Teatro


Quando tudo perde um pouco o sentido, o que sobra é isso: angustia, incompatibilidade, medo, insegurança e a o sabor de azedo na boca, que se junta com o morbido da morte do que nem tem nome. As vezes sinto que alguem tem vivido minha vida por mim, e estou na plateia, olhando os passos em falso, as crises de choro e a cada uma delas uma queda do pico do mundo até o lugar mais baixo, aquele que fica logo abaixo do inferno e todos temem chegar nele. Essa não sou eu. O sorriso, claro continua no mesmo lugar de sempre, mas quem realmente conhece a pessoa que eu era, sabe que o sorriso não é meu, é dessa louca que habita meu corpo. O sorriso não tem mais o brilho de outrora, não tem mais o sentido que deveria. Ele serve apenas pra ofuscar o que machuca e não deixar que os menos desavisados percebam o sangue escorrendo por todos os poros. Cada celula do meu corpo pede por paz. Mas como posso ajudar, se não consigo entender o que acontece, se não sei bem como tomar as redias da minha propria vida e expulsar toda essa incoerencia que nunca existiu.

O que posso fazer é continuar observando esse teatro macabro, até que as cortinas se fechem e no camarim, essa outra que toma conta dos meus movimentos se renda ao cansaço da encenação e me deixe voltar a viver, voltar a sorrir... simplesmente voltar.

sábado, 28 de março de 2009

Sometimes

As vezes, as certezas faltam, os sentimentos desobedecem e a desordem começa a ganhar força. As vezes, o sorriso foge quando é necessario e só volta na hora errada. As vezes o coração se acha dono do seu proprio nariz e coloca todo o resto do corpo em parafuso. As vezes, felicidade no estado lIquido não é suficiente, fica faltando o estado solido, o gasoso e aquele que só acontece na quarta dimensão. Fica faltando compatibilizar as palavras com as intenções, os pensamentos com os sentimentos, as reclamações com as mudanças e a voz com o ouvido. Fica faltando encontrar a hora certa para fazer as coisas certas, porque tudo parece ser errado e estar no lugar errado. Tudo parece sem vida, sem proposito, sem cor, sem viabilidade, sem continuidade, sem saudade e sem vontade. Tudo parece de ma vontade, até mesmo o que deveria ser bom. E a obrigação de ser bom só torna tudo pior. E o vento favoravel não torna nada mais provavel. E os últimos passos continuam sendo tão dificeis quanto os primeiros, as vezes até mais dificeis. E me dá vontade de fugir num ovni, ou simplesmente ir para onde exista alguem quem me entenda. E a lista do que não tem preço parece infinita. E penso que não dá para represar uma cachoeira sem alagar areas secas. E o mundo parece um lugar pequeno demais para minha existencia, o meu corpo parece um abrigo pequeno demais para minha alma, e quando noto já estou transbordando em mim mesma e percebo que todo o excesso coube no meu umbigo.